Quem tem fé persiste e encara desafios. E você, insiste ou para no primeiro obstáculo?
Paro na porta de casa. Não posso entrar. Estou com o peito cheio de fé, mas seria muito duro ver minha filha deitada sem vida ali dentro. Mais cedo, quando saí de casa, pouco tempo lhe restava.
Juntei todas as forças que ainda me restavam e fui atrás daquele Homem abençoado. Soube pelos murmúrios do povo que Ele estava de passagem para as terras de Tiro e Sidom, caminhando próximo de onde moro. Ele era minha última esperança.
Não foi fácil fazer com me escutasse. Clamei, gritei, esperneei, mas muita era a gente que O seguia e o barulho ao redor de Seus ouvidos era grande demais para que ouvisse o choro de uma mãe debilitada.
Os homens se empurravam, os doentes chamavam, os incrédulos ofendiam. Há muito que as pessoas O seguem buscando ouvir ensinamentos, mas quando Ele deu de comer a mais de 5 mil homens, o povo ao redor cresceu.
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A sensação era que Ele estava fugindo de nós. Dirigia-se à terra dos gentios, mas evitava falar com quem não fosse daquele pequeno círculo de amigos próximos. Eram chamados discípulos e, além de seguir as ordens, faziam uma espécie de barreira que evitava o povo de alcançá-Lo. Mas eu alcancei.
Aproveitei quando despistou o povo e entrou numa casa, driblei os que estavam na porta e me joguei a Seus pés.
“Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada.”
Não pertenço ao povo dEle, sou grega, cananeia, de origem siro-fenícia. Não conheço aquelas crenças e rituais. Tampouco O conhecia antes desse encontro. Sei, contudo, que os hebreus O tratam como filho do grande rei Davi. E sei também o que o povo fala: Ele é capaz de expulsar demônios com a voz. Naquela situação, precisava acreditar.
“Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.”
Talvez Ele esperasse que eu desistisse com aquela resposta atravessada, talvez estivesse testando a minha fé. Não sei se Ele apenas queria ver minha reação, mas uma mãe não se importa com ofensas, desde que seus filhos estejam bem.
Sei que não pertenço aos filhos de Davi, que sou insignificante e não merecia ter o milagre realizado, mas não podia ser derrotada.
“Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.”
Naquele momento vi Seus olhos se iluminarem. Quando me encarou, senti uma chama me queimar da ponta dos pés ao topo da cabeça. Meu coração inflamou, minha voz sumiu. Sua voz, que antes era autoritária, transformou-se em um abraço quente de pai.
“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu de tua filha.”
Quando recuperei a sensibilidade nas pernas, saí dali. Nem sequer lembro se agradeci, perdi a noção de tempo e espaço lembrando-me daqueles olhos amorosos que me amavam como a um filho verdadeiro. E agora, de repente, estou na porta de casa, a poucos metros de quem me fez passar por tudo aquilo. Meu peito ainda está ardendo, a fé me queima por inteira.
E abro a porta para encontrar minha filha, viva.
Para refletir
Quem tem fé persiste e encara desafios. E você, insiste ou para no primeiro obstáculo?
(*) Mateus 15:21-28; Marcos 7:24-30
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